• ENCONTRO IMPASSÍVEL

    ENCONTRO IMPASSÍVEL

    A gente não queria acabar sem sentido Ela uma flor Eu um qualquer Daqueles que conjuga qualquer Até pergunta os destinos para uma flor

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  • MYSTIC UNWORTHY

    MYSTIC UNWORTHY

    Melting and running the remembrance Where went my heart... Of meat, in other stretcher Of thought, in other walk...? You Yourself Lived comming Locked the door Dos not give me with consente Under scream and protests Arranged nices offences

    http://juizopoetico.blogspot.com/2010/02/segredo-semiotico-de-nos.html
  • SEGREDO SEMIÓTICO DE NÓS

    SEGREDO SEMIÓTICO DE NÓS

    Tamborilar uma vaga constância Feita na partitura do comportamento Todavia se realiza na freqüência que meu povo vibra Entre, as palavras, tanto Ora, olhares, seja

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Lá em casa


As coisas foram feitas para dar errado, se darem certo é magia. Pensava ela sofrega, parada na cozinha, esperando o coador passar o café. Ela respirava fundo até o ar preencher todo o seu corpo com aroma de café do bule, as vezes dizia "eu não, eu não, eu não...". Falava sozinha com a mão direita nos seios e a esquerda apertando a testa, na posição dos olhos da sabedoria. Eu observava por trás escondido no barulho do chuveiro.
            Quase só, eu e o nosso gatinho canthy que estava começando a aprender novos contatos, e passava o rabo pela primeira vez na minha canela sem olhar pra mim. Atrapalhando a minha espionagem masculina, o canthy era o mimo de Gabriela, com ele, ela conversava tudo que não me contava. Ele era uma criancinha dentro de casa. Ela não suportava vê-lo fora do cercadinho que fizemos para o gato.
            Voltei correndo para terminar o meu banho e preparar para os suplícios dos desejos de uma vontade a dois, de uma mulher em dois. Escuto: "Tá atrasando..." .
            Hoje é dia de apertões, exprimidas, esfregadas, empurrões e união de pessoas no caminho do trabalho. Eu sei que ela odeia esses dias, mesmo que eu faça retaguarda... Fingi que não escutava.
            Hoje não quero escutar muitas coisas. Fiquei quietinho, só movimentando o tombo da água do chuveiro para parecer que estava esfregando alguma parte. Na verdade estava só fazendo movimentos em círculos para distrair e passar o tempo.
            Agachado na água do chuveiro, deixava a água cair enquanto observava meus pensamentos com água passando pelo corpo. Olhava nos meus pés que tinham umas unhas mal cortadas e cutículas gordinhas e úmidas, branquinhas. Respirava fundo até entrar um pouco de água pelo nariz. Segurava o ar até ficar tonto e soprava pelo nariz o mesmo ar - sentia uma sensação de purificação. Purificava aquele momento e questionava-me sobre aquela água que não parava de cair e escorrer da torneira aberta. Ali chamei de cachoeira.
            Muitas vezes havia aconselhado as pessoas a entenderem que os alicerces da vida não são como os alicerces de uma edificação concreta que vemos e fazemos diversos ralos para nossas águas usadas. Esses alicerces da vida as vezes sustentam edificações que não são visíveis a olho nú e sustentam, na verdade, pensamentos que não estruturam o dia a dia de alguém, apenas estruturam a sua luta diária. Só percebemos isso em completude quando escutamos os bêbados anônimos em um bar qualquer, num encontro sem combinar, quando nos dizem o que realmente dói, e não dos resultados e causas daquela dor, ou daquele desmoronamento de ralos. Peguei essas explicações para me ajudar a mim mesmo, já que ajudaram tantos que me aporrinharam com questões que não se resolvem com uma enxada e nem uma bacia de roupas encardidas pra lavar.
            A água caia nos meus pensamentos de psicólogo de boteco. Fazia barulhos de prata, próximos de barulhos de areia com água da chuva que só se escuta em praia fina e deserta.  E até que o tempo passou e já me lembrou outra edificação que é concreta e é meu emprego. É outra emoção diária e por isso agora tenho que sair do banho.
            Alguém também deve estar pensando que hoje eu devesse preparar distrações femininas acima do chocolate. Chocolate hoje é básico. Devo então preparar um jantar surpresa - mulher fica loucamente feliz por uma comida masculina - nem todas gostam de pimenta. Um filme romântico, romance e ação - se não, ela pode dormir. E depois eu ainda faria massagem nos dedos dos pés. Nos pés, canela, coxa e no resto? Beliscões, belisquinhos nas costas todas. Alternadas em ritmo, velocidade e intensidade. Sem esquecer dos aromas. E do vinho - dois vinhos diferentes. Tá bom pro meu bolso e consolo. E ainda, na massagem, enquanto assopro e escorrego as mãos por um fino colchão de ar entre as palmas da mão por cada geografia daquela pele que amo e que me ama. E que casamos. É a vida.
            Enfim, a aporrinhação indicativa do presente atual da esposa é para ter um filho. Eu não quero ter filho. Ela quer. E mulher quando quer, quer.
(continuamos outro dia, caro leitor)
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O Lugar da Luta a Luta do Lugar


        O mundo antes era um monte de cabeças diferentes. As alianças, os tratados, as regragens universalmente estabelecidas colocou-nos universalmente como uma cabeça que, indubitavelmente afirma um senso comum.
    Os lados da moeda compartilham princípios firmados. Todos conhecem todos os podutos. Produtos de nós mesmos. Mas ainda há que organizar as cabeças. No lugar da luta, na luta do lugar, pensamos em regenerar. Degeneramos: nas cabeças do mundo temos o bem e o mal em desuso. O que é bem lá, aqui é mal, o que é mal lá, aqui é bem. Quando meu bem daqui quer/vai combater o mal de lá, o bem de lá vem/quer combater o mal daqui. Se o julgamento é embasado assim, por dualidades, por onde começar o enunciado da luta do lugar, desse combate?
      Agora ainda temos cenas acontecendo que fingem não considerar que o senso comum deve ser considerado; é um senso. Já temos a idéia do que se sabe da imaginação geral que paira inexoravelmente. O mundo na medida que melhorou o domínio da natureza não melhorou a vida dos humanos e de outros vivos. Já foram muitas abordagens. Para nosso pleito, artifício, aceito; “de boas intensões se faz má literatura” lembra Humberto Eco em algum eco de sua luta. E como estou aqui, estamos, lembro que dar voz é dar o tempo. O tempo leva a vida. Nesse tempo quando me pergunto sobre o lugar da  luta e a luta do lugar, um vazio ocupa minhas pretensões; dizendo que é um tema que remete a guerra, até fui reler Sun Tzu.
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Monjolo é a Forma do Vício


        Ainda não dominei meu desejo. Não o coordeno. Em todos os lugares e em lugar nenhum, infinito e finito, abaixo e acima, me parece o trabalho do monjolo. Bom, sempre o vi curioso. Sempre esqueço de perguntar quem imaginou tal peripécia. Ele, vindo todo da natureza, para ela e por ela.
         Às vezes acho que é a concha do monjolo. Aquela concha que precisa estar cheia para derramar e manter seu trabalho. Nesse caso tenho vários monjolos dentro de mim, um para cada desejo. Enche a concha, e pesada cai e esvazia. Leis da natureza o levantam  com violência para enchê-lo de novo. O ciclo parece infinito. Não como uma elipse, sim como um círculo. Pior é saber que tenho desejos ínfimos. Tenho os indesejáveis; olhar o que não quero ver.
         Esse desejo, como o monjolo, veio-me agora, neste ínterim sem meu vício. Até acho que se ninguém tivesse me falado que era difícil não seria tanto, nunca saberei. Pararia de vez; sem ressentimento. Pararia com o vício. Enche-me o pulmão, me enche, me levanta algo, cai forte, nesse caso algum estrago. Enche-me o saco, fico sem dinheiro para outros desejos, não o largo. Ele vem rápido. Respeita a velocidade do momento e a paciência do resultado. Devia eu parafraseá-lo para outras vontades, necessidades, almejos e aspirações?
         Quem sabe o problema está aí no ressentimento. Tudo traz junto o ressentimento se levarmos a interpretação até o fim. Se paro, começo, deixo, acabo, abordo e qualquer atitude vai-me coçar algum ressentimento.
         O ressentimento vem como a lembrança. Aquela lembrança que só vem quando respeita a lei da dor e do prazer. O oposto e a felicidade? Imprevisíveis dualidades  que vêm como no caso dessas citadas, apenas a primeira agindo infinitamente e mais intensamente do que a segunda.  A mesma intensidade que se manifesta na primeira é quase a intensidade que se deve movimentar para conseguir a segunda. Essas coisas para nós desse mundo dificultam o arbítrio. Já quase não posso livrar-me de tudo que está ao meu alcance e um dia desejei, e desejando, tenho que colocar um verbo.
         Às vezes tudo pára de acontecer, o monjolo pára  de funcionar, e penso, mas por que ele quebrou? Acabou a água que o fazia subir e descer? Quando conseguirei sumir com alguns monjolos? Deveria eu policiar todos os monjolos que tenho?  Deveria eu evitar o trabalho de monjolos que não conheço o ofício, ou o resultado, mas que quando aparecem me derreto, me consumo por provar? Qualquer interpretação do ópio resolve essa bagunça psíquica. Inerte fico.
         Percebe-se fraca esta metáfora do monjolo quando se vai mais a fundo nas significações. Quis apenas exorcizar como me funciona este vai-e-vem incansável do desejo. Deve ser por isso que existem cadeias, clínicas, retiros etc. Lá é possível colocar inalcançável a posição dos desejos. Possível. E quem sabe, saber que os mesmos podem não mais seduzir, não mais roubar-nos. E quando a mercê deles, conseguir desprezá-los?
         Mas por que é fácil sentir os resquícios das realizações dos desejos? Odeio desejar. Toda vez  que tento evitar, me pego parado provando intensamente todos os alcançáveis para saber por que não os consigo evitar. Só me recordo do real objetivo da ação quando já é hora de dar um basta de novo nos desejos, pois o resultado já está sendo o resultado de levar a cabo os desejos: fracassos? Bom, aí vejo todo desejo como um suicida que me habita.
         E o desejo profundo, o que faço com ele? Aquele que corrói até o que não existe. Fabricando uma existência qualquer, só para arrancar de mim qualquer coisa que realmente quero, não quero, quero, mas, quem sabe, quero. Não querendo o resultado desterrador do ser, mas querendo o que penso que é “terrador”, volto para a dúvida entre uma metáfora e uma metonímia. Me ajudam a fugir dessa comunicação da minha mente e minha carne.
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Confissões de Uma Pedra - Eu Metamórfico


 Quando lembro das pedradas, do calor, da pressão e dos meus fluídos escorrendo, sinto o planeta. Eram mesmo uns escombros que se acomodavam em mim e eu neles. Nós tínhamos o hábito de derramar um pouco de nós a cada vez que nos juntávamos uns sobre os outros, outros sobre uns sem medo de sair e entrar na natureza.

Era uma época em que os trânsitos de fluídos calorosos nos faziam. Agora eu já feito e caminhando no meu palácio, me conformo com as construções de mim que fizeram com minhas sobreposições.

Observava nas paredes aqueles assuntos de história de família que sempre me lembrou terror. E o terror lembra-me questões confusas sobre cada coisa que perguntam a uma estátua e eu não respondo sem uma análise de carbono.

E nos diversos umbrais que passei, vi as diversas portas que me ajudavam nos momentos de solidão. Cada uma que abria me lembrava o som particular que uma e outra cantava quando abertas e fechadas. Cantavam um ruído especial.

Construídas também com fluídos quentíssimos de ferro fundido que me lembrava a infância dentro da terra, era com o cantar de cada porta, que em meu coração gelado, eu sentia uma anunciação para alguma celebração do meu castelo. Uma que abria, era para chorar, outra que abria era para sorrir, outra que abria era para prender, outras e outras  rangem suas anunciações que eu guardo e faço retóricas de paixões.

Agora eu, na última porta, saio de novo para a natureza, diferente de antes quando era um bruto. Saio em forma e lapidado. Sou empacotado, amarrado, etiquetado e selado. Acredito que vou para uma exposição de lembranças de mármore, quando eu em outro lugar, ficarei ao dispor de questões do meu talhe. (* memória de uma rocha metamórfica que tornou-se uma obra de arte em um castelo.)
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